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 & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I)

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AutorMensagem
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MensagemAssunto: & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I)   & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I) EmptySeg Dez 29, 2008 8:00 am

Título:O Legado dos Giovanni
Fandom: Harry Potter
Tipo: por capítulos
Gênero(s): universo alternativo, aventura, romance, drama
Pairing(s): james/lily, sirius/remus, eventualmente outros.
Classificação: R
Avisos: violência, dark, assuntos religiosos, relacionamento homossexual.
Sumário: Florença Renascentista. Uma ameaça, um aviso. A morte é apenas o primeiro obstáculo.
Disclaimer: harry potter não me pertence, infelizmente, e dou todos os créditos da construção das personagens à JK Rowling. eu apenas gosto de usá-las para brincar e me divertir um bocado.
Aviso da autora: Eu sei que postei o anúncio para a fic hoje de madrugada, mas estava a sentir-me tão motivada e inspirada que escrevi um prólogo curtinho agora e preciso postá-lo já. Considerem isto como um preview para a fic, já que as personagens principais ainda não foram apresentadas. Por falar nisso, alerto já que nesta fic vai haver alguma ofensa à religião cristã/católica/idk, por motivos óbvios, já que a fic é passada no Renascimento. Não são necessariamente uma demonstração da minha opinião, apenas se adequa ao clima da fic. Quero que isto fique assente já, para não haver comentários dúbios. Espero escrever o primeiro capítulo dentro de duas semanas, até lá!


& o legado dos giovanni (prólogo + cap. I) Capa
lista de personagens
PRÓLOGO

    Existem lendas. Histórias que o povo conta para se manterem seguros na sua ignorância, coisas fictícias que explicam o inexplicável. Tudo é um caminho seguro no combate à única coisa que desintegra a humanidade, mas que também a torna unida: o medo. Medo do desconhecido, do improvável, do oculto. É isso que nos torna humanos, que nos une apesar das nossas diferenças. Se os predadores têm as garras para se protegerem, nós temos o medo. É ele que nos impede de subir alto demais nos nossos devaneios, que avisa que chega, isso é demasiado ambicioso. O medo vem mascarado por diversos nomes: religião, fé, magia, superstições. E, quando a humanidade começa a se esquecer do medo, também o mundo vira costas à humanidade.

    Há uma lenda italiana que remota à era medieval. Todas as vilas litorais parecem saber da história do pequeno aldeamento de Cagliari. Nada se passava nessa aldeia por volta de 1200, apenas pobreza, como em todas as outras cidades europeias.

    Um novo padre chegara à região. O antigo padre tinha morrido fazia uns meses, e a população necessitava de alguém para rezar as missas. Não era nada a figura típica italiana: ao invés de pequeno, robusto e moreno, este padre era alto e loiro, possuindo uns penetrantes olhos cinzentos. Dizia-se que vinha do Norte, mas de facto ninguém conseguiu provar isso. Ele raramente falava, apenas o fazia para rezar as missas. Apenas sabiam o nome dele: Padre Giovanni. Suposeram que um dos seus pais fosse de origem nórdica, mas o assunto ficou encerrado por aí.

    Tentaram bater à sua porta, dando-lhe boas-vindas à cidade com uma sopa caseira, mas ninguém lhes abria a porta. Uma semana depois, os aldeões desistiram da ideia e regressaram à sua vida normal, sem no entanto deixarem de se indagar do porquê deste mistério. Poderia estar somente a servir Deus através do silêncio, e por isso não o importunaram muito. Mas claro que se sabe o que aconteceria: os rumores começaram a aparecer. Dizia-se que o Padre Giovanni apenas se tornou padre como redenção de um pecado de homicídio. Dizia-se que cometera adultério e que exilou-se em Itália, e que mais cedo ou mais tarde começaria por violar as mulheres da aldeia. Os mais audazes diziam mesmo que já tinha começado a violar.

    Nenhum dos rumores estava certo.

    Num fatídico domingo, a missa não foi dada já que o padre não apareceu. A população decidiu averiguar o que se passava, dirigindo-se à casa dele. Ao ver que não era respondida, dois dos homens mais fortes arrombaram a porta brutalmente, irrompendo pela divisão. A visão que viram a seguir assombrá-los-ia para o resto da sua vida.

    Padre Giovanni encontrava-se, de facto, em casa. Morto. O seu corpo nu encontrava-se estendido no chão, os olhos vítreos ainda abertos, fitando absortamente o tecto. Ao lado do seu corpo, um punhal ensaguentado repousava perto da sua mão. E, no seu corpo, dois grandes cortes provocados pelo punhal desenhavam uma cruz invertida. O sangue já seco e as vísceras despontavam do seu corpo esquartejado. Mas, na realidade, o mais chocante não era o estado lastimável em que se encontrava o padre. Para a população ignorante e piamente religiosa medieval, o que decorava a casa arrepiou os seus corpos: as inúmeras cruzes do padre Giovanni encontravam-se invertidas, pentagramas acompanhando o cenário diabólico. Sangue já seco estava espalhado pelas paredes, desenhando diversos pentagramas e cruzes invertidas.

    Nem todas as pessoas repararam num manuscrito junto à secretária. Apenas os últimos homens que saíram da casa do padre, transportando o corpo, é que pegaram neste manuscrito ainda dobrado, pedindo ao sábio da aldeia para ler o seu conteúdo. O que ouviram, chocou-os ainda mais.

    "Será no ano de mil seiscentos e quarenta do Senhor. Mui desastres vão decorrer, Deus me diz no meu sono. Eu sou Alfa e Ómega. Sou o início do fim. O homem muito irá pecar seguido de mim, mui pior que eu. Deus disse que eu devia pecar para abrir os olhos de seus cordeiros. Afastai-vos da floresta, pois as criaturas de Deus se rebelarão contra a criação Dele. E com sangue o pecado se perde e se perdoa. Ámen."

    O medo voltou à aldeia. A história acabou por se espalhar, lançando de novo o medo que controlava os homens. Por séculos, o homem foi controlado por este medo pelo pecado, flagelando-se a si mesmo e contendo-se com medo do castigo divino. Ao ver tal profecia, não pretendiam arriscar.

    Entretanto, o homem tornou-se mais audaz, mais optimista. O medo foi de novo dissolvido no meio do prazer e do lazer. Itália estava mais activa que nunca, neste século dezassete. A prosperidade humana parecia emergir por todos os lados. E, no meio deste cenário, a lenda foi eventualmente esquecida.


Última edição por mery. em Seg Jan 12, 2009 9:25 am, editado 2 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I)   & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I) EmptySeg Dez 29, 2008 8:10 am

affraid jawdrop

OMG! Isto está maravilhoso clap

2 semanas é que já não me parece nada bem shakefist
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MensagemAssunto: Re: & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I)   & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I) EmptySeg Dez 29, 2008 8:15 am

    Vou tentar escrever o mais rápido possível agora que estou de férias aww Mas como estou a ser um bocado ambiciosa e a querer capítulos enormes de para aí 8.000 palavras é que dei mais algum tempo, porque normalmente escrevo a uma velocidade rápida.
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MensagemAssunto: Re: & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I)   & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I) EmptySeg Dez 29, 2008 10:36 am

OMG amei!


Quero o primeiro capitulo o mais depressa que conseguires! ^^
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MensagemAssunto: Re: & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I)   & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I) EmptySeg Dez 29, 2008 11:46 am

oh em ge! Está tãão awesome.
i swear! Não tenho palavras.
Mal posso esperar pelo chapter. aww
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MensagemAssunto: Re: & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I)   & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I) EmptySeg Dez 29, 2008 11:50 am

    Thank you pelos vossos comentários aww vou tentar acabar o capítulo o mais rápido que conseguir!

    Btw, só para dizer que actualizei o post com uma lista dos personagens principais rápida que fiz. Era para referência pessoal, mas acho que vocês gostariam de ver para verem mais ou menos o que vai acontecer :]
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MensagemAssunto: Re: & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I)   & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I) EmptySeg Dez 29, 2008 3:21 pm



    EU ESTOU EM PULGAS, U KNOW THAT.
    isto vai ser tão épico ok. e adorei a lista dos personagens. e as descrições deste prólogo. e mal posso esperar por mais excited

    ai btw, tinha que fazer um comentário a isto:
    Citação :
    Sangue já seco estava espalhado pelas paredes, desenhando diversos pentagramas e cruzes invertidas.
    GÓOOOO 8D ok parei de me armar em parva.
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MensagemAssunto: Re: & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I)   & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I) EmptySeg Dez 29, 2008 3:57 pm

Um pedaço de história num pedaço de fic..

I LOVE IT!!


Espero que continues, porque este é o tipo de fic que eu sei que vou gostar!!

biggrin


Kisses*
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MensagemAssunto: Re: & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I)   & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I) EmptyQua Dez 31, 2008 4:24 am

Adorei mesmo!

Se isto é apenas o prólogo, quero ver a fic eek

Espero por mais




Feliz Ano Novo
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MensagemAssunto: Re: & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I)   & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I) EmptySeg Jan 12, 2009 9:23 am

Título:O Legado dos Giovanni
Fandom: Harry Potter
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Pairing(s): james/lily, sirius/remus, eventualmente outros.
Classificação: R
Avisos: violência, dark, assuntos religiosos, relacionamento homossexual.
Sumário: Florença Renascentista. Uma ameaça, um aviso. A morte é apenas o primeiro obstáculo.
Disclaimer: harry potter não me pertence, infelizmente, e dou todos os créditos da construção das personagens à JK Rowling. eu apenas gosto de usá-las para brincar e me divertir um bocado.
Aviso da autora: Desculpem a demora, eu sei que prometi que o postava o mais rápido possível, mas ando extremamente ocupada com as aulas e fica difícil continuar a escrever. Ficou um bocadinho mais curtinho que o meu desejo de alcançar as 8.000 palavras, mas um dia chego lá! Espero que gostem, e obrigada pelos vossos comentários positivos.


& o legado dos giovanni (prólogo + cap. I) Capa
lista de personagens
CAPÍTULO I (1/2)

    O vermelho sempre foi a sua cor preferida. Não o escuro, mesmo que ele achasse que tinha um certo requinte. Vermelho vivo. Por essa mesma razão, o seu palacete em Florença era decorado com inúmeros motivos desta cor: voluptuosas cortinas de veludo debruadas a fio de ouro, estuques de pintores famosos em tons quentes, cobertores tingidos desse tom. Ele gostava disso, necessitava disso. De todo esse luxo e requinte que o rodeavam e partilhavam o seu dia-a-dia. Eram os escravos negros e os empregados brancos, a joalharia que insistia em usar todos os dias, cobrindo os seus dedos de pedras preciosas. E, claro, a sua jóia mais preciosa: a sua sobrinha Lily.

    Cardeal Snape suspirou antes de coçar a testa, pensativo. As rugas já se começavam a sentir sob os seus dedos. Ainda fora ontem um jovem, estudando no seminário de Florença, sempre com o objectivo que ainda mantém hoje: o de chegar a Papa, um dia. Sim, para além do luxo, Snape gostava do poder. Já não acreditava em Deus, claro, nenhum membro eclesiástico naquela altura ainda acreditava nele, mas tinha quase a certeza que, se ele de facto existia, aquele era o propósito para o qual Snape teria que viver: ser Papa, governar o mundo e tê-lo à sua mercê. O poder de posse dele já era algum, mas a excedência humana é assim mesmo: quanto mais se tem, mais se quer. Subitamente, todas as cortinas e objectos de luxo do seu quarto pareciam fracos e pobres em comparação com o preço de ter o mundo e todos os seus recursos a seus pés.

    Dois leves toques soaram na porta fechada do seu quarto, ao que ele respondeu com um ríspido “entre”. Um dos seus empregados executou uma vénia com pompa.

    “O Senhor Malfoy encontra-se no salão de visitas.”

    Snape expeliu o ar que havia contido nos seus pulmões, reunindo alguns papéis que se encontravam sob a sua secretária.

    “Diga-lhe para se dirigir aqui.”

    “Com certeza, Senhor.” mais uma vénia antes de sair do quarto, encaminhando-se rapidamente para o outro lado do grande palacete para transmitir as ordens do seu patrão ao visitante.

    Arrumou decentemente a sua secretária outrora desarrumada, e lançou um olhar à sua volta, verificando o quão organizado se encontrava a divisão. Sempre fora extremamente perfeccionista, especialmente quando se trata do seu próprio luxo e da vanglorização pessoal. Gostava de ouvir elogios de burgueses ou até nobres que tinham a sorte de visitar o seu quarto, respeitante à perfeição minuciosa da sua decoração. O seu ego, já inflamado, parecia aumentar ainda mais. Fazia-o sentir poderoso.

    “Cardeal?” ao ouvir o tom grave e firme da voz do burguês, ajeitou as suas vestes, franzindo o sobrolho enquanto se dirigia, calma e compassadamente, em direcção aos bancos que rodeavam uma mesa baixa.

    “Entre.” O tom ríspido de voz nunca o abandonava. “Sente-se nesse cadeirão”

    Malfoy apenas obedeceu ao pedido, recostando-se no assento enquanto fitava o cardeal com os seus penetrantes olhos cinzentos.

    “Está aqui para acertar com os pormenores finais, suponho.” começou Snape, levando uma mão para apoiar o seu queixo, enquanto sentia com os dedos o relevo da sua barba por fazer.

    “Supôs bem, então. O ataque está planeado para a próxima semana” o homem de cabelos loiros platinados voltou-se subitamente para a porta, uma sobrancelha erguida em desconfiança. “Não estamos sob escuta, pois não?”

    Snape riu-se sarcasticamente, como se o que acabara de ser dito fosse uma piada demasiado estúpida ou inocente.

    “Acha realmente que sou estúpido a esse ponto? Claro que não estamos sob escuta, todos os meus servos conhecem as consequências caso isso aconteça.”

    Malfoy recuperou o seu sorriso torcido, rindo em concordância.

    “Digamos que não quero deitar tudo a perder agora. Foram anos e anos de planeamento para finalmente termos esta oportunidade única. Os homens estão contratados, irão a Roma na próxima semana durante a época de celebração da Páscoa.”

    “Certifique-se de que eles são competentes o suficiente para tal trabalho..”

    “E são, acredite em mim” respondeu num tom de voz mais alto, quase eufórico. “Já trabalharam inúmeras vezes para mim, as mortes são limpas e sem quaisquer vestígios.”

    Snape emitiu um som em concordância, sem no entanto deixar de sentir o seu interior aquecer-se perante a ideia de finalmente aquela ideia ter sido posta em prática. De facto, há muitos anos que ele planeava com a família Malfoy um papicídio. Era perfeito para os dois lados: o Cardeal poderia finalmente ser eleito Papa, e partilharia alguns lucros com Lucius Malfoy. E sublinhe-se a palavra alguns. Obviamente que iria compensar todo o trabalho sujo que fez por ele através de alguns bens e terras, mas nunca iria dividir todos os seus lucros com ele. Snape era demasiado ambicioso para isso, queria tudo para si. E, de qualquer modo, Malfoy já tinha um bom negócio de onde provinha todo o seu dinheiro, através da venda de especiarias do oriente. Lucius também não passava de um calculista ambicioso, tal como ele.

    “Óptimo. Transmita-me o sucesso da operação mal souber da notícia da morte de Dumbledore.”

    Se ambos não estivessem silenciosos de seguida, não teriam ouvido o barulho proveniente da porta de entrada do quarto. Alguém, que parecia ter estado a ouvir aquele tempo todo, susteve o ar violentamente dentro dos seus pulmões, e parecia querer afastar-se quando se apercebeu do silêncio que subitamente se abateu dentro do quarto. Os passos, definitivamente, eram femininos. Lily, o único membro feminino daquela casa. A face de Snape crispou-se num esgar de raiva, os lábios apenas uma fina linha tensa. Ergueu-se do seu assento e, com o olhar assustado de Malfoy sobre as suas costas, avançou rapidamente em direcção à porta de entrada, apanhando em flagrante a sua sobrinha em fuga, os cabelos ondulados cor de fogo esvoaçando sobre as suas costas.

    “Lily! Volta aqui imediatamente.” vociferou, marcando bem cada sílaba da frase. A sua testa enrugou-se e as maçãs do rosto ficaram subitamente vermelhas, contendo a raiva ao saber que a própria sobrinha traíra a sua confidencialidade.

    Descoberta, a rapariga parou e voltou-se lentamente para trás. Mas, ao contrário do que esperava, a face que fitava Snape não era de terror. Era, sim, de raiva. De decepção. Os cabelos ruivos despenteados envolviam-lhe a face que lhe devolvia o olhar de ódio, os olhos esmeralda semicerrados e lacrimejantes. Os seus braços encontravam-se ao lado do seu corpo, punhos cerrados firmemente enquanto tentava não explodir.

    “Nunca pensei” a sua voz era gorgolejante e quebrada, um tom mais acima do que era suposto “que a ambição do tio chega-se a este ponto. Dumbledore é um bom homem e vais matá-lo?”

    O Cardeal suspirou e fechou os olhos momentaneamente para tentar manter a sua calma, normalizando o tom de voz. Ela nunca entenderia o que aquilo significava. Podiam finalmente ser reconhecidos. Ela poderia ter tudo o que quisesse, até mesmo coisas que o dinheiro não pode comprar. E, no entanto, ali estava ela, criada pelo homem que sonhou com aquele momento toda a vida, fazendo frente e opondo-se à sua decisão.

    “Não entendes as consequências desta decisão. É o melhor para todos.”

    “Melhor para todos?” Lily avançou lentamente, como se estivesse a digerir o que lhe acabara de ser dito. “Melhor para todos?!” a voz tornara-se mais vigorosa e feminina “Dumbledore é o único homem que mantém a Itália unida, se ele morrer tudo se desmorona, não compreendes? Ele não merece a morte, só tem feito o bem por todos nós e Deus quer que ele continue vivo”

    Lucius, ao ouvir os ânimos exaltarem-se, tinha-se entretanto deslocado até à porta, ouvindo a conversa com uma expressão sarcástica, ocultando o medo com que se debatia interiormente. Se a sobrinha do Cardeal abrisse a boca em relação àquele assunto, tudo estaria perdido.

    “Não se vai desmoronar porque eu vou estar no poder. Itália nunca irá ver uma época tão próspera como a minha, eu vou realmente embelezar este país e..”

    “Como é que podes controlar o mundo inteiro se não te controlas a ti mesmo?” ela cuspiu as duas últimas palavras, sublinhando bem o desprezo que sentia em relação ao assunto. “Matar para alcançar o poder é para os fracos e cobardes.”

    “Eu NÃO SOU cobarde!” Snape raramente perdia a calma ou a sua composição séria. Mesmo nas adversidades, ele tentava-se manter o mais calmo possível, atacando apenas os seus inimigos através de sarcasmo e, claro, de vingança por trás das suas costas. Por isso, quando a voz do Cardeal adquiriu um tom alto demais, Lucius baixou o seu olhar, amedrontado. Lily, no entanto, continuava a fitá-lo impassivelmente, a sua expressão sem qualquer alteração.

    “Então prova-mo, e cancela agora este ataque.”

    Ele pareceu matutar por uns instantes, alternando o olhar entre a sobrinha e Lucius. O ambiente tornara-se pesado, ajudado pelo céu nublado lá fora, que reflectia a pouca luz através dos vitrais do corredor. Ao perceber a demasiada hesitação do seu tio, Lily meneou a cabeça em desistência.

    “Já não pertenço a esta casa”

    Em derrota, Lily voltou as suas costas ao tio, avançando destemidamente em direcção à porta da entrada, sem quaisquer malas ou objectos em sua posse para além do vestido azul barato que vestia.

    “Não sejas ridícula, Lily, volta aqui. Não tens onde ficar” ao ver-se ignorado, enquanto a sobrinha continuava a avançar até à saída, ele aumentou novamente o tom da voz “Vou ser obrigado a matar-te se puseres um pé fora desta casa!”

    A ruiva voltou-se para trás violentamente, os olhos ainda lacrimejantes e vermelhos.

    “Óptimo! Porque eu prefiro morrer a ficar aqui.”

    Puxou firmemente a porta para trás, desaparecendo quando bateu com ela ferozmente. Snape conseguia ainda discernir uma sombra dos cabelos revoltos ruivos a esvoaçarem antes de desaparecerem, no que parecia ser para sempre. Na realidade, aquela parecia ter sido a gota de água para a jovem Lily Evans, que tentava equilibrar a ambição do tio desde que fora viver para aquela casa. Muitas pessoas diziam que eles não pareciam ser da mesma família, e Snape apenas acenava com a cabeça e deixava o assunto morrer por aí. Porque a verdade é que Lily não passava de uma estranha, uma amiga, para ele. Ninguém mais sabia dessa história, aparentemente. Apenas ele e Lily. Ela era filha de camponeses, abandonada no campo há dezanove anos atrás. Por sorte, a carruagem de Snape passara por aquele caminho no determinado momento em que a bebé decidira começar a chorar. Apanhado num momento de fragilidade, após a morte da sua mãe, o Cardeal decidiu parar a carruagem e deixar a menina num local mais seguro. Esse local acabou por se tornar no seu próprio palacete, já que nas poucas horas que durava a viagem a bebé parecia ter criado laços com ele. Snape não compreendia, ele era vil, era ambicioso, era rude. Ninguém gostava dele, apenas a sua mãe, já morta. E, talvez por isso, ele pegou na sua mera menina camponesa e criou-a como se fosse sua sobrinha. Na realidade, era ela o único balanço que ele tinha para que a sua ambição não tomasse conta de si.

    E agora, ela fora-se embora, por sua culpa. Ele comprometera-se a cuidar dela como a sua mãe cuidou de si, e falhara redondamente. Sentindo-se vencido, ignorou a expressão desconfiada de Lucius e avançou em direcção aos jardins interiores.

    “Não vai fazer nada?” o loiro indagou, provocando a paragem do Cardeal. “Vai deixá-la arruinar os nossos planos tão facilmente assim?”

    O olhar doloroso e cansado que Snape lhe lançou de seguida silenciou-o. Não estava ao seu alcance compreender a razão.

    “Ela não me iria trair.” respondeu, com uma voz subitamente incerta. Derrotada. “Espero.”

    Lucius parecia ter algo para acrescentar mas, perante a expressão ríspida do outro, não se atreveu.

    *


Última edição por mery. em Seg Jan 12, 2009 9:24 am, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I)   & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I) EmptySeg Jan 12, 2009 9:24 am

CAPÍTULO I (2/2)

    A trepidação do caminho abanava violentamente a carruagem. Devia ser por isso que os dois homens encontrados no seu interior estavam subitamente silenciosos, apenas observando a paisagem rural que antecedia a urbanização florentina. Um deles tinha o cabelo cortado à maneira inglesa, estando no entanto despenteado em algumas zonas. Cabelo que nem as mais potentes loções conseguiam domar. O tom castanho-escuro do seu cabelo contrastava com o tom branco da sua pele, levemente bronzeada pelas suas longas e empolgantes viagens ao oriente e a África. Vestia-se, aliás, à maneira inglesa, roupas com um corte mais masculino em relação ao corte italiano. Alguns dos seus adereços eram debruados a ouro.

    O outro, no entanto, podia-se dizer que era o seu oposto. As roupas, apesar de serem de bom gosto, pareciam coçadas e demasiado usadas, de tons acastanhados e brancos. A barba não estava arranjada, a pigmentação castanha típica de uma barba por fazer espalhando-se pelo seu rosto. Apesar de parecer novo e robusto, os seus olhos castanhos pareciam cansados, como se detivessem muita sabedoria. E, emoldurando a sua cara oval, o cabelo castanho-claro caía, longo e desarrumado, até à altura dos seus ombros.

    “Gostas do que vês, Remus?” indagou o de vestimentas mais requintadas, não deixando de saborear a beleza daquela paisagem rural. Já não era a primeira vez que fazia aquela viagem, mas no entanto havia sempre algo novo que não tinha visto da última vez. Era isso que ele gostava em Florença, a sua cidade favorita de todo o mundo e a que poderia realmente chamar de casa, apesar de ser um nobre inglês.

    “Nunca vi nada assim em toda a minha vida.” murmurou, fitando a paisagem à sua volta como se quisesse absorver os seus detalhes. As árvores frondosas despontavam na frente deles, de troncos altos e imponentes, tendo na sua base as mais diversas plantas e flores, de todas as cores, uma explosão do arco-íris ali mesmo. No horizonte, podiam observar, por vezes, cervos que saltavam alegremente pela floresta, ou até mesmo lebres que tentavam correr e vencer a velocidade da carruagem. Remus memorizou cada pormenor daquela paisagem, anotando mentalmente os tons que usaria para obter determinada cor. Desejou que parassem ali por algumas horas para que ele desse uso às suas telas e registasse alguns pormenores. Mas naquele momento todo o tempo que dispunham era precioso. O sorriso calmo e contido foi substituído por seriedade. “Tens a certeza que o governador nos irá receber?”

    “Claro, ele é um grande amigo de infância meu.” assegurou, voltando finalmente a face para o interior almofadado da carruagem, fitando o amigo com o sobrolho levemente franzido. “Estás preocupado com algo, não estás?”

    Remus sorriu tristemente e acenou lentamente a cabeça em acordo. Apesar de toda a sua introspecção e misticismo, era já impossível esconder algumas coisas do seu amigo de longa data, James. Como seu conselheiro e pintor pessoal, passavam muito tempo juntos no seu palácio de Inglaterra, e ultimamente ele acompanhava-o nas suas longas viagens de lazer. Mas esta viagem a Florença não se poderia considerar de lazer, infelizmente. Na realidade, o único propósito que trazia Remus a Itália era justamente o de poder falar com o governador, transmitir-lhe uma horrível notícia que iria assolá-lo a ele e à sua cidade.

    “Sim. Sinto que ele não vai acreditar na minha palavra.” confessou, com a voz estranhamente forte.

    “Para ser-te sincero, ainda estou com algumas dificuldades em acreditar.” para aliviar a seriedade da conversa, o nobre riu levemente, batendo com a mão no ombro do seu amigo num gesto amigável. “Pelo menos podes-te divertir um pouco em Florença, que achas?”

    Remus tentou acompanhar o tom mais leve da conversa com um sorriso nos lábios, mas essa seriedade não lhe chegou ao olhar, onde ainda permanecia uma sombra de dúvida e de preocupação.

    “Podemos tentar divertir-nos..” respondeu, antes de desviar a sua atenção para o exterior da carruagem, onde se podia vislumbrar os edifícios da cidade no horizonte. O sorriso falso desapareceu, sendo a sua voz um leve murmúrio quando acrescentou “Enquanto podermos.”

    *

    Minerva Mcgonagall poderia nomear mil e uma pessoas para aparecerem à porta do seu convento, numa noite fria e húmida como aquela. Sem-abrigo, mulheres grávidas, soldados a voltar do combate. Mas, sem dúvida, a última que esperaria era Lily Evans, sobrinha de Cardeal Snape e sua conhecida. Por isso mesmo, permitiu que a sua face já envelhecida demonstrasse sinais de evidente surpresa, aos quais a jovem apenas respondeu com um leve sorriso triste. Sem nenhuma troca de palavras, a madre superiora afastou o pesado portão de madeira, deixando espaço à entrada de uma Lily ensopada, devido à chuvada que se abatera sobre Florença no final dessa mesma tarde. Ao encerrar a porta, a freira rapidamente se voltou para a rapariga, colocando-lhe uma mão em cada braço. A expressão com que a fitava era de apreensão e de evidente preocupação.

    “Porque..” indagou suavemente, mas a sua voz desvaneceu-se ao ver o olhar implorante de Lily, que apenas pedia para não falar do assunto já. Por isso mesmo, acariciou levemente os braços da jovem, numa tentativa de a confortar momentaneamente, antes de a conduzir através do gelado vestíbulo de entrada em direcção ao claustro, a partir do qual poderiam alcançar a cozinha, divisão mais quente naquela noite fria da Primavera. Os arbustos e a pequena horta de alfaces e tomates no centro recebiam a pouca luz proveniente dos archotes, adquirindo uma tonalidade amarelada, numa noite que era tudo menos luminosa. A lua nova tornava os caminhos secundários da cidade de Florença invisíveis, caminhos que uma jovem respeitosa como Lily não deveria ter percorrido para alcançar aquele convento, a alguns quilómetros do centro urbano.

    As restantes freiras que ainda não se haviam retirado para as suas celas também pareceram surpreendidas pela entrada de Lily Evans. Umas, pela negativa, já que bem se sabia o asco que as freiras mais audazes tinham em relação ao Cardeal. De qualquer modo, afastaram-se do fogo onde se reuniam à volta, dando espaço para a jovem se aquecer e secar. As chamas reflectiam no cabelo ruivo dela, ainda brilhante e molhado da chuva que apanhara. O contraste das temperaturas provocou-lhe pele de galinha, mas abraçou-se a si mesma numa tentativa de conservar aquele calor em si mesma, como se quisesse que ele também curasse o seu interior. Minerva pediu calmamente a uma das freiras que fosse buscar uma peça de roupa seca e um cobertor, antes de se acercar de Lily. E, perante o ríspido olhar da sua madre superiora, todas as freiras à sua volta se levantaram, dirigindo-se para as suas respectivas celas. Estavam sozinhas, acompanhadas apenas pelo suave crepitar da madeira na fogueira. Lily intensificou mais a força com que se abraçava, fitando as chamas dançarem enquanto parecia matutar nalguma coisa.

    “Problemas com o Cardeal?” a voz envelhecida de Mcgonagall rompeu com o silêncio que se instalara. Os seus olhos cinzentos cansados não deixavam de observar a ruiva com uma certa necessidade de protecção neles espelhada. Lily abanou levemente a cabeça, permanecendo ainda silenciosa.

    “Posso ficar aqui uns dias?” a voz da jovem saiu quebrada e fraca, fazendo jus ao seu estado de espírito.

    “Claro.” respondeu prontamente, tentando não fazer perguntas que intimidassem Lily. Mas, de uma coisa tinha a certeza: para Lily se dirigir ao seu convento a meio da noite, alguma coisa de terrível havia acontecido. Ela apenas aparecia lá para entregar algumas doações que conseguira adquirir ao longo do ano, ou para visitar somente Minerva, muito raramente, apenas quando tinha tempo. A freira sabia que, quando havia problemas, a jovem sempre permanecia segura de si, fechada com o seu orgulho dentro do seu quarto no palacete do Cardeal. Não era o tipo de rapariga que sairia e abandonaria o seu lar quando uma situação que poderia ser resolvida a atingisse. Nunca abandonaria o Cardeal Snape. Apesar das suas divergências, era de conhecimento geral o profundo respeito e protecção que eles os dois sentiam um pelo outro, mesmo que muitas das vezes o Cardeal não o demonstrasse, fechado dentro da sua muralha de frieza e desdém.

    “Penso que um pão aquecido te iria fazer sentir melhor” tentou Minerva, deixando por momentos Lily a sós, fitando ainda o fogo e aquecendo a sua face. Era uma óptima posição para que o fogo secasse as lágrimas que, a freira suspeitava, estavam na eminência de cair. Se uma roliça freira não tivesse pigarreado levemente, entregando-lhe para as mãos um cobertor e um hábito seco, Lily não se teria apercebido da sua presença. Agradeceu-lhe apenas levemente, aceitando com prazer as roupas secas enquanto a noviça se esgueirava para a sua cela.

    Aproximando-se de novo da fogueira, Minerva colocou o pão junto do fogo. Apesar de eminente preocupação, não fez quaisquer tentativas para extrair a informação do porquê de tanta tristeza. Mcgonagall podia ser considerada uma madre superiora extremamente exigente e rude perante o convento, mas sabia, com certeza, os limites da sua extrema honestidade e rispidez. Por isso, apenas se manteve silenciosa enquanto Lily comia um pouco de pão.

    “Preciso de protecção.” a voz cristalina da ruiva já parecia estar mais decidida, apesar de ainda suave. Como se de uma epifania se tratasse, a expressão debilitada no olhar de Lily transformou-se numa mais decidida, forte. Mais sua. Minerva pareceu confusa perante tal afirmação. Estaria ela a ser perseguida pelo povo, pelo ódio que sentiam pelo Cardeal? Será que quereriam chegar a ele através dela? No entanto, para os anos de sapiência de Minerva, o que Lily afirmou de seguida tirou-lhe quaisquer dúvidas. “Sabe se o Papa Dumbledore se encontra seguro?”

    “Que Deus nos proteja!” a freira benzeu-se repetidamente, os olhos arregalados de medo. Agarrou o terço que carregava ao peito com exagerada força. “Tal não pode ser.. Ele seria mesmo capaz de fazer isso?”

    Controlando as suas emoções e a relutância em entregar directamente o Cardeal, Lily apenas confirmou com a cabeça levemente, fechando os olhos. “Eu prometi-lhe fidelidade, mas não o posso deixar pecar deste modo. Não posso.”

    Minerva rodeou-lhe os ombros num abraço reconfortante, sem no entanto abandonar a sua expressão atónita e desenfreada. Tudo ainda lhe parecia surreal. Sabia da intensa ambição do Cardeal Snape, do seu desejo pelo poder e inveja do poder papal. Sabia que lhe custara muito a alcançar a posição de Cardeal de Florença, mas nunca desconfiaria que ele estaria a planear um atentado contra o próprio Papa. Que sujasse as suas imundas mãos. E, apesar dos seus anos de experiência, do seu orgulho e da sua inteligência, viu-se a perguntar o que haveriam de fazer.

    “Avise alguém, mande tropas deter os assassinos que o meu tio enviou, vamos a Roma nós próprias” as lágrimas que ameaçavam sair jorraram dos olhos de Lily, a voz saindo-lhe entrecortada e aguda “mas por favor, pare-o”

    Ainda confusa, Minerva acenou levemente com a cabeça, dirigindo-se à porta para gritar o nome de uma das mais velhas freiras e sua confidente. Ela prontificou-se a aparecer imediatamente, com uma expressão preocupada perante a urgência do tom de voz da madre superiora. Falavam por murmúrios, para que o resto do convento não ouvisse e eventualmente desabafassem para pessoas indesejáveis.

    “Contacte imediatamente as tropas de Florença e diga-lhes para enviar um mensageiro o mais rapidamente possível em direcção a Roma.” perante a expressão confusa da outra freira, Minerva continuou “Snape quer matar o Papa.”

    Boquiaberta, a outra freira prendeu o ar no seus pulmões, procedendo também a benzer-se infinitas vezes.

    “Quem contacto, Minerva? Vou falar com Sirius Black?”

    “Não.” Mcgonagall não pareceu hesitar ao negar. Não confiava no governante da cidade, sabia que a sua mãe estava por trás de todas as medidas que ele implicava a Florença. E, claro, que era do interesse de Walburga que o Papa morresse. Snape era seu íntimo e, juntos, poderiam partilhar o poder. “Tente falar com a sua prima Andromeda. Ela saberá o que fazer.”

    Com um breve acenar de cabeça, a freira retirou-se rapidamente em direcção às cavalariças, para que naquela noite ainda um mensageiro saísse da cidade. Minerva voltou-se para trás, observando a face miserável de Lily, arrependida por ter acabado de trair a palavra do seu tio.

    “Receio que tenha descoberto tarde demais.” ela desabafou levemente, fungando enquanto limpava as lágrimas às mangas do seu vestido. Mcgonagall não respondeu, limitando-se a fitar a paisagem escura do claustro, o fogo reflectindo no canto dos seus olhos.

    No silêncio da noite, um cavalo relinchou antes de trotar em direcção a Florença.
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MensagemAssunto: Re: & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I)   & o legado dos giovanni (prólogo + cap. I) EmptySex Jan 16, 2009 2:42 pm

Esta fic deixa-me tão curiosa drool
Adoro as tuas descrições, fazem-me entrar completamente na história!
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