Título: Heróes desconhecidos
Fandom: Supernatural
Tipo: One-shot (com duas partes)
Gênero(s): Angústia, conforto, comédia... Um bocado de tudo.
Pairing(s): Não é Nc-17 mas é levemente wincestista por isso acho que poderei dizer que é um Dean/Sam
Avisos: Pré-wincest
Sumário: “O sentimental da família é Sam. Dean é o que fica atrás, nas sombras a guardar as costas do seu irmão para que nada lhe aconteça, para que não tenha nem um único arranhão.”
Disclaimer: Supernatural não me pertence se pertencesse as personagens não sofreriam tanto... Okay a quem é que quero enganar, eu amo quando eles sofrem!
Heróis desconhecidos
Parte 1Dean ama muitas coisas. Ama as noites de álcool e sexo descomprometido com mulheres cujo nome nem se dá ao trabalho de conhecer, porque é apenas isso... sexo, nada mais. Ama comer, principalmente tartes, sejam elas do que forem, não é realmente importante, o que interessa é manter-se ocupado e não pensar nas caçadas, nos problemas, na morte que se aproxima a cada passo que dá, para Dean um dos melhores passatempos é, então, engolir tudo o que não for verde e se for tarte melhor ainda. Dean ama o seu carro. É a sua rapariga, tão simples quanto isso. Ama o seu pai, John Winchester foi o melhor pai que consegui ser. Mas, acima de todas as coisas, Dean ama Sam. É o seu pequeno irmão. Sam é o seu propósito de viver, quer mante-lo seguro, protegido porque se Sam não estiver com ele então não há nenhum motivo para continuar a sobreviver.
Dean e Sam. Não pode haver um sem o outro. São irmãos, estão ligados para o bem e para o mal. E apesar de parecer que tudo o que os rodeia é trevas e criaturas do inferno Dean pensa que pode haver esperança das coisas melhorarem porque Sam acredita que sim, que o pesadelo em que eles vivem acabará eventualmente e diz com tanta seriedade que Dean quase que é obrigado a concordar.
E então os dias vão passando, uns atrás dos outros. Dean à frente do volante, Sam ao seu lado. A música dos Led Zeppelin invade todo o carro mas Dean acha que não o suficiente e aumenta o volume. Põe um dos seus sorrisos e olha para Sam que, como ele esperava, estreita tantos os olhos que quase os fecha por completo. Não é preciso palavras para Dean saber que o olhar de Sam significa: “Importas-te de parar de te comportares como a porcaria de uma criança e tentares ser um bocadinho mais adulto? É assim tãoooo difícil Dean???
“O que foi Sammy? É música demasiado pesada para uma rapariga como tu?”
Sam, abana a cabeça, revira os olhos, e suspira. Dean sente-se orgulhoso dele próprio.
“Ah ah ah, que engraçado. Baixa o volume, estou a tentar concentrar-me e além do mais ainda preciso dos meus ouvidos intactos.”
Sam tem vários jornais em cima dele. Muitos são de algumas semanas atrás. Estão à procura de novos casos. Casos misteriosos com mortes mais misteriosas ainda. Bem, Sam procura os casos que vale a pena investigarem, Dean limita-se a dizer se vale a pena ou não serem mesmo investigados.
“Alguma coisa interessante aí?” – pergunta com os olhos presos na estrada à sua frente – “fantasmas vingativos, monstros esfomeados ou algo assim do género?”
“Hum... algo assim do género. Acho que temos de ir à Califórnia.”
“À Califórnia? Agora sim, depois de tantos anos, falaste a minha linguagem. Sol, praia, mulheres com ou sem biquíni... oh yeah... Califórnia aí vamos nós!”
Sam baixa o jornal que estava a ler e olha para Dean exasperado.
“Porque é que só pensas em mulheres? Estou a falar de coisas importantes!”
“E tu Sam, porque é que nunca pensas em mulheres?”
“Eu... hum... hei, eu também penso em mulheres! A diferença é que tu só pensas nelas e eu penso em outras coisas também, como por exemplo, este caso que temos de averiguar.”
Dean solta uma gargalhada e tenta ficar serio. Não é que ele não se interesse por o que quer que seja que Sam lhe quer contar, mas é que às vezes não resiste provocar o seu irmão. Aliás Dean, como irmão mais velho tem o dever de irritar Sam o irmão mais novo, é algo que está pre-estabelecido entre irmãos. E além do mais Dean precisa destes momentos e sabe que Sam também. São momentos como estes que lhe permite esquecer o que têm de fazer, pode fingir que têm uma vida normal, mesmo que seja por breves instantes.
Sam volta a sua atenção novamente ao jornal e aclara a garganta.
“Está aqui uma notícia sobre uma família. Qualquer coisa sobre ‘...desgraça atinge a família Collins (...) marido da senhora Collins encontrado morto na cozinha com os pulsos cortados. A polícia afirma que se trata de suicídio mas a senhora Collins parece não pensar o mesmo. Segundo ela o seu marido nunca faria tal coisa...’”
“Todos os dias suicidam-se pessoas, não há nada de invulgar nisso”
“Eu sei mas aqui também diz que os Collins têm um filho adolescente e que, de acordo com a senhora Collins, ele desde às uns meses para cá se comporta estranhamente. Ela declara que tem medo do próprio filho. Ah, e o mais estranho de tudo é que parece que o marido lhe deixou um bilhete. Um bilhete que diz ‘...não há demónios só no Inferno...’. Eles pensam que o marido da senhora Collins pertencia a alguma seita e que se suicidou como sacrifício.”
“Acho que sempre vamos fazer uma visita à senhora Collins” – Dean pressiona o acelerador, sente a sua rapariga a comer o asfalto e ruma em direcção à Califórnia.
Mais um caso, mais uma caçada. Já fez tantas, que Dean se sente culpado quando não consegue lembrar-se de todas. As vidas que salvaram, ele e Sam, Sam e ele. Os inúmeros monstros que enviaram de novo ao Inferno, ao lugar onde pertencem e de onde nunca deviam ter saído em primeiro lugar. Pensa que é um trabalho que tem de ser feito, mas por vezes, desejava que não fosse o trabalho deles. Desejava que Sam tivesse uma vida normal e, há dias em que se arrepende de o ter tirado da vida que tinha na Universidade. Sam tinha futuro, um futuro normal e Dean quer acreditar que o seu irmão ainda o poderá ter. Talvez esteja a ser egoísta, mas sabe que Sam não merecia viver assim, sem saber se a próxima caçada será a última, se algum deles morrerá ou se morrerão os dois.
SPN
As coisas não correm bem na Califórnia. O Sol brilha mas o seu calor parece falso, corrompido e pelo quê Sam não sabe. Quando chegam fazem o que costumam fazer... resolvem o caso. Começam por falar com a senhora Collins que se revela uma mulher de estatura baixa, de olhos aterrorizados e cabelos doirados amarrados descuidadamente com um elástico. Ela fala sobre o homem extraordinário que o seu marido era, desmente muitas das coisas que Sam leu no jornal e, acima de tudo, fala sobre o seu filho. Acontece que o filho estava possuído por um demónio.
Tudo acontece muito rápido mas Sam sabe que não foi tão rápido assim. O demónio era mais forte do que pensaram, com um só golpe faz Dean cair meio inconsciente no chão. Sam tem o punhal de Ruby mas antes de conseguir usá-lo o demónio manda-o contra a parede e Sam não se consegue mexer. O punhal que consegue mandar os demónios de volta ao inferno escorrega da sua mão com o impacto. Sam pensa em como conseguirão escapar desta mas quando vê o demónio apanhar o punhal tem a certeza de que tudo acabará ali. Só sente pena de não ter agradecido ao seu irmão tudo o que este fez por ele. Fecha os olhos quando avista o demónio precipitar-se contra ele com o punhal pronto a prefurar-lhe o coração.
No entanto, a dor nunca chega. Abre os olhos só para ver o seu irmão aos seus pés com o punhal ensanguentado ao seu lado e a esvair-se em sangue. Não pensa. De repente já se consegue mexer. Quer acreditar que aquilo não está a acontecer, não pode, não é possível, Dean não pode estar morto, é o seu irmão. Os seus olhos desviam-se de Dean para o demónio que olha para ele com um sorriso sádico e a cabeça meio inclinada. Sabe o que tem a fazer. Sente aquela sensação familiar de poder inundar-lhe os sentidos e o demónio já não tem o sorriso sádico que tinha à instantes atrás, agora os olhos totalmente pretos olham para ele com cautela e medo. Sabe que Dean não gosta quando ele faz coisas que não podem ser consideradas normais e humanas mas naquele momento isso não interessa realmente. Agora é o demónio que não se consegue mexer e Sam faz o exorcismo. Palavras em latim saem da sua boca com tanta naturalidade que até se surpreende a si próprio.
Sam odeia Dean. Quando se coloca de joelhos ao lado do seu irmão, depois de ter mandado o cabrão do demónio de volta para o inferno, realmente o odeia. Ele não quer que Dean o esteja sempre a proteger, ele também quer proteger Dean, mas parece que o seu irmão não consegue perceber isso. E isso, isso faz com Sam odeie Dean, às vezes. É injusto como Dean nunca pensa nele próprio, como está sempre pronto a sacrificar-se por ele, Sam. É como se Dean pensasse que a sua vida não vale nada quando para Sam vale tudo. Isso deixa Sam frustrado e zangado. Isso faz com que Sam por vezes odeie o seu irmão mais velho.
“Podia ter sido pior hã Sammy?”
As palavras são roucas e espaçadas e Sam tem vontade de gritar com o seu irmão e dizer que era ele que devia estar ali deitado com uma ferida profunda e a esvaiar-se em sangue. Aquela punhalada era para ele, não para Dean. Mas não diz nada. Tem de levar Dean para o hospital, não pode perder tempo.
“Tens de ir para o hospital, tenta levantar-te” – diz ao mesmo tempo que passa um dos braços de Dean pelo seu pescoço e o agarra.
“Hum... não sei se dá Sammy. Acho que terás de me levar ao colo”
Gotas de suor escorrem pelo rosto do seu irmão, os olhos estão vidrosos e a pele demasiado pálida. Sam tem medo. Dean não pode morrer, Dean é tudo o que lhe resta.
“Por favor Dean, tens de conseguir andar até ao carro”
E Dean cerra os dentes e dá um passo de cada vez. Sam sabe que o seu irmão está em sofrimento mas têm de chegar ao Impala, têm de chegar.
Depois de enfiar o seu irmão no lugar do co-piloto, agarra o volante com força suficiente para os nós dos dedos se tornarem brancos e só pensa em chegar ao hospital. Dean tem os olhos fechados e respira com dificuldade.
“Cuidado com a minha rapariga e por favor conduz como um homem. A minha rapariga não gosta de andar a 50”
Sam dá um sorriso que sabe a falso e concentra-se no caminho. É bom que Dean ainda esteja consciente. Tem de pensar no que vai contar aos médicos, não lhe parece boa ideia dizer que o seu irmão foi atacado por um demónio. Antes não era muito bom a mentir mas melhorou bastante, e agora mente com facilidade. Assusta-o o tanto que mudou, cada vez está mais longe da pessoa que costumava ser e não pode voltar atrás. Mesmo se pudesse não voltaria. A sua vida agora é Dean, o Impala e as caçadas. Varrer o mundo dessas criaturas nojentas.